sábado, 26 de março de 2011

Ando diferente, agindo diferente, pensando diferente. Não que não seja mais a mesma pessoa, não que deixe de fazer as mesmas coisas. É, talvez deixe, mas isso eu vejo depois. A diferença está na maneira de ver as coisas e de ver a mim mesma. A diferença é que agora não sei o que quero, ao contrário de antes. Quero fazer coisas que nunca fiz antes, só não sei bem que coisas são essas, ou sei, mas é complicado citar. Mudar faz parte do ciclo, não é mesmo? Só não sei até que ponto pode ser bom ou ruim, pra mim, pros outros. Não sei se é o certo, e no momento, nem estou querendo saber.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Se eu tivesse o direito de ter um super poder por um dia? Com certeza, ler pensamentos! Pra tirar algumas dúvidas, ter algumas certezas, matar curiosidades. Mas só se fosse por um dia, um dia só, mais que isso não teria graça. Não abro mão do mistério, daquele ar de suspense por não saber o que se passa dentro do outro. Não abro mão da descoberta, de se infiltrar pelos buracos que a vida deixou, de sair vasculhando, de conquistar. Não, eu não abro mão disso.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Meio frio, meio quente. Essa incógnita envolvente, esse céu a ser decifrado, esse jeito meio abafado. Quem sabe uma futura alegria, agora parece meio tenro. Com suas águas de março indecifráveis. Os demais não conseguem te decifrar, eu tento, as vezes sem sucesso. Uma hora, agrado, outrora, desconforto. Dentre as estações do ano você optou ser o outono. Cheia de mistérios, cheia de devaneios.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Se você não me conhece

Se você não me conhece até agora significa apenas que não tem frequentado as confeitarias certas. Chegue no fim da tarde, arraste a cadeira vazia na minha frente e sente-se sem pedir licença. Eu não vou me incomodar em dividir meus biscoitos amanteigados com você, sempre peço o suficiente para duas pessoas. Meu café já está esfriando de tanto esperar. O garçom sempre se esquece de me trazer adoçante, resolvo deixar amargo, a culpa que o pratinho de biscoitos desperta em mim impede que eu despeje saquinhos de açúcar na minha caneca. Também não gosto da bagunça de papel rasgado na minha mesa, melando a capa do meu livro, convidando formigas a subirem nas páginas.
Espero que você não se importe em me esperar terminar esse capítulo. Detesto interromper a leitura no meio de um parágrafo, sempre acho que é no final daquela frase que estou lendo que está a informação mais importante da história, me odiaria se tivesse que pegá-la pela metade uma próxima vez.
Eu tenho algumas revistas na minha bolsa, posso deixar em cima da cadeira, talvez assim você se sinta mais à vontade para chegar perto de mim. Peça um café para minha boca não ser a única amarga durante a conversa, me olhe nos olhos mas não repare nas minhas olheiras, invente uma história que não aconteceu se lhe faltar assunto, eu prometo que não vou dizer nada se perceber que você está mentindo. Eu falo mais a verdade com os meus olhos do que com palavras, espero que você goste de mim logo de cara para acreditar em todas as minhas mentiras, rir de todas as minhas tentativas para te impressionar, pegar na minha mão pálida de nervoso antes que minha pele comece a sangrar de tanto eu coçar.
Espero que sua letra seja feia e que me escreva cartas, que cante mal no chuveiro e sussurre canções antigas para me fazer dormir, que queime ovos fritos e seja do tipo que só come pizza com catchup. Eu não faço questão de conversas inteligentes, passo o dia inteiro me fingindo de culta, gostaria de ouvir alguns erros gramaticais ao chegar em casa, trocar alguns solecismos durante o jantar, cuspir migalhas de pão no seu jornal enquanto você me conta do seu dia.
Você não me conhece ainda, é verdade, mas eu não sou difícil de encontrar. Estou sempre deitada na varanda ouvindo rádio, tentando te escrever um poema, logo para você que eu nem sei o nome, pra você que fica entrando em bares e botequins e nunca pede um pão de queijo no balcão da loja em que eu estou sentada.
Eu vou ler mais um capítulo, sempre olhando por cima dos óculos para não perder o momento em que você entrar. Prometo fingir que não percebi que era você quando você entrar.

sábado, 19 de março de 2011

Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta as dores da vida. Agora está insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já são dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não, porque esperar uma dor passar é como olhar um transatlântico no mar estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olhar, conversa com seus amigos, toma uma dose e quando vê o barco já está longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante daí, vá conversar com seus amigos, tomar a sua dose e quando você ver, passou.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Não, eu não sou tão boazinha como pensam, nem tão corajosa, muito menos tão feliz. Eu morro de medo, morro e ressuscito todos os dias, acordo sem saber que dia é ,como cheguei aqui. Corro por todos os lados sem sair do lugar, dou a volta ao mundo, já experimentei quase todas as sensações e tenho medo. Não tente me entender, pode parecer clichê, mas nem eu mesma me entendo, mesmo. Num dia te amo, no outro não sei o que fazer com isso. Hoje quero fazer loucuras, fetiches e armações, amanhã quero dormir e dormir e dormir, deitar a cabeça em algum colo que não faça perguntas. Me tira do chão, vou amar você. Me põe no chão, vou correr atrás de você. Não sei desistir de ninguém, nunca soube. Eu sou feita de restos, construção de pedaços dos outros, eu sou os outros, dos outros.

domingo, 13 de março de 2011

E estou aqui, com essa página aberta a tempos, mas a inspiração não vem, aquela vontade enorme de transformar meus sentimentos em palavras, bem, ela sumiu por uns tempos. Não sei quando volta, talvez daqui horas, dias, meses... Não se sabe. Só o que eu sei é que estou tão vazia quanto um balão ser ar (...)

sábado, 12 de março de 2011

As letras nos dedos,
penso, esqueço, sinto e não percebo.
Mesmo sem saber, tudo estava aqui
só eu não via o mundo…
dando voltas.
Entre as voltas do desejo
penso, esqueço, sinto e não percebo.
As flores crescem mesmo se estão tristes
O tempo fica imortal quando ela está aqui…
Todas as manhãs, um novo dia.
Nos dias em que não a vejo, o mesmo dia se repete;
você vai embora, eu nunca cheguei…

Quero um amor na medida. Nada dessas coisas de me jogar na frente de um carro, ‘largar tudo pra ser feliz’… Quero um amor racional. Um amor que eu não tivesse que abrir mão das minhas convicções, que eu não precisasse provar nada. Que eu pudesse dar tudo de mim, sabendo que receberia tudo de volta. Queria reciprocidade. Queria vontade, química, paixão. Queria que fosse intenso. Queria aquele sorriso constante, harmonia, paixão, respeito. Queria um amor sem exageros. Sem pedidos esdruxulos, sem muita moral, sem ter que coordenar as coisas. Queria deixar o barco rolar, querendo confiar. Queria deixar acontecer, sem me preocupar, sem prever. Queria que fosse simples, que fosse tranquilo, leve. Sem mágoas, sem tristezas, sem rancor. Um amor leve, leve como algodão doce!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Tudo tem um propósito, acredito que nada acontece por acaso. As folhas não nascem por acaso, o sol não brilha sem motivo, o vento não sopra por soprar, então, porque eu não acreditaria que é tudo um grande aprendizado? Não preciso me esconder, nem jogar tudo por alto, tudo tem um motivo, só falta descobrir qual...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Você sempre me perguntava o que eu estava pensando, quando ficava em silêncio ao seu lado, mas quando eu respondia ‘que não era nada’, não queria que você se conformasse com a resposta. Queria que insistisse e perguntasse novamente, até que eu respondesse a verdade. A verdade é que eu me perguntava se no dia seguinte você ainda estaria ali comigo, se na manhã seguinte eu ainda seria importante pra você. Eu ficava silêncio com medo de que um dia você fosse embora. E antes mesmo de falar pra você sobre esse medo, eis que ele aconteceu. Você foi embora e meu medo hoje é outro: tenho medo de que você nunca mais volte.
É meio que carência, ou algo parecido com isso. Vou me despejando das minhas vontades e pensamentos para a primeira pessoa que senta na minha frente me olhando nos olhos, prestando atenção em mim. Começo a me despir dos meus medos e minhas histórias, dou uma de criança ingênua para que percebam o quanto preciso de cuidado. Descubro o que há por trás desses olhos que me olham, vou me infiltrando por entre as brechas das palavras e me transformo no que aquela pessoa precisa naquele momento. É uma troca. Me escuta, que eu me transformo no que você mais buscou.

segunda-feira, 7 de março de 2011

O que é verdadeiro encanta, emociona, fascina e dá medo. É , medo. Medo de que acabe antes do que se espera, antes de poder provar o gostinho da felicidade do que é sincero, medo de perder a oportunidade de se mostrar de verdade, de se entregar. É estranho perceber que sua felicidade às vezes depende da veracidade de uma palavra ou de um gesto, da sinceridade de um ato. Mas é bom saber o quanto precisamos disso, o quanto devemos isso, aos outros e a nós mesmos.

domingo, 6 de março de 2011

Eles não estavam trocando juras de amor, não andavam de mãos dadas, nem se chamavam por nomes infantis. Não tinha pieguice romântica ali. Mas foi a cena mais doce que eu vi: dois olhares se encontrando. Não só se encontrando: se confortando, se sabendo, se completando. Eu notei que eles eram algo além de amigos, que se desejavam e se protegiam, e foi só pela cumplicidade dos olhos, que deixavam de ser dois e se enlaçavam quatro.

sexta-feira, 4 de março de 2011

É de me causar estranheza esse meu encantamento por você. Pouco me importava com o que você fazia e hoje me perco admirando seus detalhes, sua singularidade. Se me deixar, posso ficar horas te olhando, reparando nos seus traços, observando seu sorriso, tentando desvendar o seu olhar. Tentaria te fazer parar, parar de me conquistar, de me fazer sorrir , mesmo sabendo que me arrependeria depois. Porque cada palavra sua me desconcerta e me desperta curiosidade, curiosidade de entrar no seu mundo, de te entender e te cuidar. É, me perco sem saber, me faltam palavras pra dizer que tudo que mais queria mesmo era pedir que entrasse no meu mundo, que colocasse ele de cabeça pra baixo e que não precisaria pedir permissão pra isso.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Eu queria ser suficiente pra fazer isso passar, pra juntar todos os caquinhos que ainda estão aí, que ninguém conseguiu juntar depois que se quebrou e segurar com força, pra que não estale novamente. Porque depois de quebrado, o coração não sabe mais como se virar sozinho, e eu sei disso, como sei.