quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Aplaudindo até sentindo dor é amar

Estou escrevendo uma carta de amor.
Sim, eu sei quão brega isso soa, e quão ridículo é na prática. Dizem que não há carta de amor que não seja ridícula. Eu prefiro organizar a frase de outra forma: se não for ridícula não é uma carta de amor (acredito que existe diferença, ainda que sutil; quem ama entenderá).
Acontece que estou escrevendo porque de quando em quando meus sentimentos me enchem e me transbordam e eu preciso represá-los em algum lugar. Meus amigos não aguentam mais ouvir as minhas angústias – parece que o senso-comum dita que, após um certo tempo, você deve superar um amor que passou, mesmo que pra você não tenha passado, mesmo que seja, talvez, o maior que você está destinado a ter em toda a sua vida –, então que solução me resta?
Escrevo à única pessoa a quem pode interessar, mesmo que eu não espere disso qualquer resultado concreto – sou mais romântica que pragmática. Se enviarei ou não é questão a ser resolvida depois.
E para adiar a decisão, me esmero no processo. Escrevo rascunhos, seleciono papéis importados na minha coleção, traço bem de leve linhas a lápis, componho uma paleta de cores de canetas, faço o envelope, amarro uma fita. Só não pingo perfume, numa débil tentativa de permanecer no campo do bom-gosto.
Estou escrevendo uma carta de amor porque não há no mundo alguém que escreva uma para mim.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Me perguntaram o que eu vi em você. Eu não soube responder. Quando a gente não sabe explicar alguma coisa é porque essa coisa é tão grande que não cabe em nenhuma explicação, certo? Certo.

sábado, 20 de agosto de 2011

Eu te escrevo cartas todos os dias,
faço declarações e músicas.
Coisas bem bregas.
Guardo tudo numa gaveta do lado da minha cama,
mas não entrego,
só nego
e só.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Veja bem meu bem

Tem aquela hora do dia (ou da semana, ou do mês) em que você não consegue olhar ninguém no olho, mas tem que olhar. É chato como a gente tem sempre que olhar os outros nos olhos. Nos olhos, nos dois olhos! Um dos seus olhos mirando a cara inteira de outra pessoa, de várias pessoas, de todas as pessoas, chega de pessoas! Acaba o estrabismo distorcendo a conversa, tirando o foco do assunto - que começou só pra passar o tempo - mas ninguém se importa muito desde que você não solte a corda invisível que se estende daqui até ali, entre o espaço do meu e do seu nariz. A interação social não passa de um grande cabo-de-guerra de córneas sem atletas no banco de reservas, suas pupilas têm de ficar dilatadas até o final.
Mas então tem aquela hora que eu falei, aquela hora do dia em que você não quer olhar ninguém. Nessa hora me surpreendo encarando amigos e amores através do espelho. Deixo os reflexos conversarem por nós, os olhos do meu reflexo olhando nos olhos do reflexo de qualquer-um: são projeções de luz que se compreendem sem esforços, posso ficar de costas para você e, ainda assim, te olhar. Parece bonito, parece poesia, mas é só cansaço mesmo, não tem beleza nenhuma em deixar um reflexo conversar no seu lugar, no meu lugar, parece que estou sozinha no desprezo de fixar o olhar. Detesto me colocar como única nas situações que descrevo, mas é espelho, né? Não tem jeito, querendo você ou não, eu vou estar ali. Coloco minhas lentes para corrigir a miopia, o astigmatismo e o narcisismo, mas de nada adianta. A cada olhada que dou em você demoro três outras em mim. Ajeito o cabelo, arranco um coágulo de sangue em cima da sobrancelha, sangue fora de validade e que parece carvão, é tudo meu, mas você não percebe que na verdade só olho pra você pois quero entender como você me olha, quero saber o que pareço pra você. Mas você também parece que só se olha. "Que penteado mais lindo", é o que quero dizer, mas não digo porque percebo que não quer que eu me vire pra olhar meu olho de verdade ao invés do meu olho-imagem. Que bom, é bom mesmo, estou de fato cansada de olhar nos olhos, já disse que estou naquele pedaço do mês em que não consigo me segurar em olhos, me canso mesmo, me canso fácil desse jeito. Não digo isso só porque te percebo desviando o olhar, mas é que me cansei de verdade. Fico feliz que a gente se entenda assim. Conversa com meu reflexo, não faço questão de contato visual. Que inútil essa coisa de olhar, é meio óbvio que se não posso olhar no seus olhos não quero olhar nos olhos de mais ninguém.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

(...) Quem conhece uma história sabe como é duro colocar um ponto final, mesmo sabendo que ela vai continuar, só não vai mais ser contada.

domingo, 14 de agosto de 2011

Me fez cativa, me prendeu oferecendo a liberdade para viver comigo. Eu não seria dela e nem ela seria minha. Não nos pertencíamos. Mas era como se fossemos uma da outra desde o inicio.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

graça

Voando voando e voando, quando se tem a mente pro lado de lá, as coisas ficam bem por onde menos se espera. Aqui, no bolso de dentro do peito, toca aquele rockinho tipo balada cantado com aquele tom rouco, que só eu sei. Bate ainda mais forte com um tum tum tum tum, sambado. Coisa minha e nossa.
Me deixa por aqui, tá? É porque é onde você tá e nem sabe. E que graça teria se ela soubesse?

domingo, 7 de agosto de 2011

Eu sempre tive essa mania de sumiço. Chego, entro, faço arruaça e desapareço sem deixar rastros. Nunca tive dificuldade em deixar as pessoas, em me acostumar. Nunca visito. Nunca apareço. Muito menos sinto saudade. No mínimo uma falta, um incômodo. Sempre me escondi por entre minhas próprias maneiras de passar o tempo. Já ganhei tantas coisas, doei outras. Aumentei minha bagagem em tamanho e quantidade. Me apaixonei por estranhos, me doei para quem não devia, não dei atenção à quem merecia minha total dedicação. Tanta burrada. Tantos planos pendurados por aí dentro de algumas pessoas. Por entre alguns lugares. Mas sabe, dentre tudo e todos, você conseguiu se inserir e combinar com minha paisagem. Se enfiou na minha bagagem, fez birra pra não sair, se encolheu feito criança com frio só pra me fazer cuidar de você. É a única pessoa de quem não consigo me deixar ser como com todos os outros. Não sei ir embora sem deixar rastro. Na verdade não sei nem ir embora. Quero te contar todas as minhas histórias, te colocar dentro de todos os espaços ainda vazios por aqui. Lhe mostrar que tenho um ponto fraco. É o seu nome.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Eu sou meio assim. Meio sem papo, meio bonita, meio engraçada, meio inteligente, meio tímida, meio confusa, meio sem sal, meio sem graça. Meio hipócrita. Meio inteira. Meio sozinha. Meio menina. Meio misteriosa. Meio minha. “Martirizadora” de mim mesma. Porque preciso de alguém que me finalize, que me integre, me agregue, me misture. Maldita mania recomposta de precisar de alguém aqui.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Acho que começamos assim: você gostando muito de mim, mesmo que em tom de brincadeira, como quem precisa muito ser levada a sério e eu querendo mesmo que isso fosse tudo verdade. Admito!
Depois que descobri quem eu sou, passei a acreditar que são poucas as pessoas que merecem me ter. Que merecem minha atenção. Passei a perceber que dentre todos, você é uma das únicas pessoas que me merecem. Pra ser sincera de verdade, meu bem, sou eu que não mereço você.