segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sem saber

Eu disse que não sabia o que fazer. Sentei na escada de costas para o vento, deixando a franja cobrir meus olhos. Eu realmente não sabia o que fazer. Eu queria falar, mas não tinha mais o que dizer - ou tinha medo de dizer.
Olhei para o chão, cheio de terra, cheio de marcas de pés. Fiquei olhando. Olhei até que nada mais consegui ver. Tentei levantar mas tinha esquecido como, então continuei do jeito que estava, com os cabelos no rosto sem enxergar. Continuei do jeito que estava até que ela se irritou comigo. Se irritou com a minha preguiça, com a minha falta de vontade, com o meu comodismo. Ela me mandou sair dali, mas eu não queria, eu não sabia para onde ir. Ela continuou falando, mas eu não conseguia mais ouvir - ou eu não queria ouvir. Eu vi a luz da rua acender e nem vi quando o céu apagou. Ela deve ter visto, mas eu não vi. A escada é de todo mundo, não sei porque ela me manda sair. Não tenho mais paciência para perguntar - ou talvez me falte a voz - e ela também não se incomoda em me explicar. Eu continuo sem saber, e continuo ali.
O frio começa a me incomodar, ela está de casaco e se recusa a me emprestar, talvez eu devesse mesmo sair dali. Ela acha que saí porque ela mandou, tentei dizer que foi o frio, mas ela não acreditou - ou não me ouviu. Então, eu saí. Logo depois quis voltar, mas não me lembrava como e ela não quis me ensinar. E foi embora. Foi embora sem me ajudar.
Fiquei sozinha, agora de frente para o vento, com os cabelos voando e as bochechas rosadas pelo frio. Queria que alguém estivesse ali, mas não sabia a quem chamar - ou esqueci como chamar. Então fiquei ali, esperando alguém passar. E continuo esperando. Esperando que talvez ela volte -ou eu caminhe dalí, mesmo sozinha...

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