A cada passo uma lembrança amarga
de sonhos perdidos em palavras,
de cicatrizes profundas e largas.
E a velha certeza: - Foi a mesma estrada.
sábado, 30 de abril de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Esperei você pegar a sua xícara de café para começar a falar. Você transparecia, entre um gole e outro, aquilo que te angustiava por dentro. Olhei em seus olhos. Esperava uma grosseira, um palavrão, mas o assunto foi rápido. Eu queria falar mais, porém as palavras eram-me falhas naquele momento. Você se foi com aquele velha bolsa nos ombros e eu fiquei a te observar.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
No fim da noite não me resta nem esperança. Só a dor, a vontade de chorar e o desejo de que fosse diferente. Dormir já não resolve, a tormenta retrai todos os dias. Tenho cada vez mais certeza que eu sou o erro. Cada vez mais vontade de voltar, de sumir, de não voltar para lá. Me tira a paz, o sossego, a calma. Quero gritar a minha raiva, mas não adiantaria, então calo ela no meu silêncio, como tem que ser, como fui ensinada. O que todo mundo quer, o que eu menos faço. Um erro na vida. Um erro no mundo. Eu.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Amo liberdade, o não ter que dar satisfação, fazer o que der na telha e comer qualquer coisa sem ter que me culpar depois. Adoro o fato de saber que sou minha, eu sozinha e ninguém tem que me aceitar por isso. Mas a ideia de ser de alguém por inteiro ainda me é mais tentadora do que a de ser minha somente. O frio na barriga e o arrepio na espinha que isso dá de vez em quando absorve qualquer liberdade, esconde, faz a vontade de se doar ser bem mais forte e supre com tudo aquilo que a liberdade não dá. Ainda prefiro cuidar, ser cuidada, ser de alguém, ter alguém. Prefiro ser dois do que um, ser um de dois que se completam. Prefiro me confundir com quem sou, me confundir com o outro que mora em mim também. Acho que amar é isso, amar faz bem, e eu prefiro.
domingo, 24 de abril de 2011
Dói em admitir, mas eu tenho certeza que por mim, você nunca se apaixonaria. Sou o avesso do avesso daquela que te toma a tua atenção e detém o poder de te tomar por inteiro. Faço de um tudo para te agradar, mas sempre acabo pecando. Talvez meu erro seja esse, tentar te agradar. É meu jeito, meu desconserto. Perduro errante, mesmo sabendo que meu maior erro é lembrar, é gostar, é você.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
As palavras que não digo me atravessam como flechas envenenadas. Não digo se o bom senso me impede, não digo pelas conseqüências. Não digo pela culpa que já me toma enquanto penso em dizer. Mesmo as boas, por insegurança, cravam-se às vezes aqui dentro. É assim que não machuco os outros, nem os deixo constrangidos. É assim que tomo, diariamente, altas doses de veneno.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Todo nosso encontro virou desencontro, antes mesmo de ser. Falo isso por mim e pelo "nós" que nunca aconteceu. Não sei quem foi mais injusto comigo: você ou a vida. Mas sei que ambas não me deram oportunidade de abrir meu coração para viver a minha vontade. Eu desejava ser feliz e que você fizesse parte da minha felicidade. E como toda vontade, passou, num descompasso...
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Ainda há muitas palavras, por mim, a serem ditas. Escondo muitas histórias nesse meu olhar, às vezes num só olhar meu. Tomei essa decisão de me calar, uma hora para não me ferir, outrora para não machucar alguém. A minha caminhada está longe do seu final, então talvez não seja tão essencial palavras ao vento, agora.
terça-feira, 19 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Sem saber
Eu disse que não sabia o que fazer. Sentei na escada de costas para o vento, deixando a franja cobrir meus olhos. Eu realmente não sabia o que fazer. Eu queria falar, mas não tinha mais o que dizer - ou tinha medo de dizer.
Olhei para o chão, cheio de terra, cheio de marcas de pés. Fiquei olhando. Olhei até que nada mais consegui ver. Tentei levantar mas tinha esquecido como, então continuei do jeito que estava, com os cabelos no rosto sem enxergar. Continuei do jeito que estava até que ela se irritou comigo. Se irritou com a minha preguiça, com a minha falta de vontade, com o meu comodismo. Ela me mandou sair dali, mas eu não queria, eu não sabia para onde ir. Ela continuou falando, mas eu não conseguia mais ouvir - ou eu não queria ouvir. Eu vi a luz da rua acender e nem vi quando o céu apagou. Ela deve ter visto, mas eu não vi. A escada é de todo mundo, não sei porque ela me manda sair. Não tenho mais paciência para perguntar - ou talvez me falte a voz - e ela também não se incomoda em me explicar. Eu continuo sem saber, e continuo ali.
O frio começa a me incomodar, ela está de casaco e se recusa a me emprestar, talvez eu devesse mesmo sair dali. Ela acha que saí porque ela mandou, tentei dizer que foi o frio, mas ela não acreditou - ou não me ouviu. Então, eu saí. Logo depois quis voltar, mas não me lembrava como e ela não quis me ensinar. E foi embora. Foi embora sem me ajudar.
Fiquei sozinha, agora de frente para o vento, com os cabelos voando e as bochechas rosadas pelo frio. Queria que alguém estivesse ali, mas não sabia a quem chamar - ou esqueci como chamar. Então fiquei ali, esperando alguém passar. E continuo esperando. Esperando que talvez ela volte -ou eu caminhe dalí, mesmo sozinha...
sexta-feira, 8 de abril de 2011
quinta-feira, 7 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
Estou encarando esse espaço em branco, pensando no que poderia escrever, pensando na minha vida, nos meus cacos espalhados pelo chão. A xícara de chá vazia, a musica me tornando um pouco menos solitária. Fico aqui com meus devaneios, esse ser tão estranho, esquisito que mora em mim. Convivo comigo pois sou obrigada a me ter todos os dias, não escolhi, é assim, simples e complexo. Ando mudando de opinião e trocando de páginas para quem sabe me encontrar, em alguma esquina qualquer, numa folha de jornal, qualquer coisa que consiga me descrever, que consiga descrever o que talvez esteja sentindo. Não que eu não me conheça, conheço muito, por sinal, mas desconheço o que de mim pode sair quando provocada de alguma forma. De alguma forma que eu não esteja acostumada. É isso de não saber o que vai acontecer que me preocupa, que me deixa sem palavras, que não me deixa montar esses cacos. É disso que eu quero me livrar, é comigo que eu tenho uma prestação de contas a pagar, com esse ‘eu’ complicado, desses que se conseguirem explicar perde toda a graça.
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