quarta-feira, 6 de junho de 2012

Amar é osso

Pensa em alguém parado numa calçada. Pois é, esta sou eu. Faz quase meia hora que tento atravessar a rua e não consigo. Carros, motos, ônibus... e gente, muita gente. Tem de ter paciência, viu! Mas nada é em vão. Quando me encosto na parede da esquina, para aguardar o movimento diminuir, olha lá quem vem, tá vendo? Ela! A garota com quem sonho todo os dias, desde que a vi pela primeira vez lá na praça. Ela! A mais graciosa, a mais bem vestida, a mais cheirosa, recém saída do banho, já farejo seu cheiro de menina-moça... e o garbo? Ah, a elegância das bem-nascidas! Ela se aproxima. Estou nervosa, tremo um pouco, coço a cabeça, ando de um lado para outro, chego a perder a direção. Vou fingir que olho a vitrine. Nossa, como estão caras as coisas! De esguelha, vejo ela chegar, passos cadenciados... opa! Mas quem é essa que vem com ela? Não pode ser! Minha nossa senhora do osso perdido, ela já arranjou uma dona. Cachorra!

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