sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sugarfree

Aviso: estamos no meio de uma epidemia. Estão todos namorando. Avisem a segurança nacional, fechem os aeroportos, façam um estoque de Doritos em casa e só saiam sob minha segunda ordem.
Nessa época do ano, "Valentine's day", é que pode-se perceber melhor a dimensão que esse delírio conseguiu atingir. Sim, delírio, observem bem as vitrines das lojas e perceberão que estou certa. Para mim fica ainda mais evidente por um simples motivo: eu sou imune à essa doença. Pois é, pego qualquer gripezinha que vem com as mudanças de temperatura, mas quando se trata da pandemia que se alastrou mais rápido pelos 5 continentes eu, surpreendentemente, não mostro nem um sinal de abatimento.
Minha família ainda não conseguiu se acostumar com minha imunidade exagerada, para eles essa doença é bem válida. É como antigamente que os pais faziam as crianças pegarem catapora quando ainda eram bem pequenas pra não correrem riscos de adquirirem a forma mais grave da doença quando mais velhas, lembram? Eu fui criada numa infância onde era bom pegar catapora, do mesmo jeito que vivo numa juventude em que é bom "pegar" namoro.
Sim, seria ótimo sair dos holofotes dos almoços de família e não receber olhares de pena de gente mais encalhada que eu, mas, se eu conheço bem meu sistema imunológico, não vejo isso acontecendo num futuro próximo.
Eu só fico chateada pela minha mãe. Não, eu fico chateada por mim também, mas é que ela tinha tanto potencial de ciúmes para gastar comigo e eu não dei nem uma vez esse gostinho pra ela, sabe. Bom, claro que se ele soubesse da minha vida fora do mundo convencional dos relacionamentos ela talvez pudesse usar um pouco desse ciúme contido pra me impedir de sair com um shorts mais curto dia ou outro, mas não é o caso.
Quando eu era pequena ela falava muito sobre como ela só ia deixar eu namorar depois dos 18 anos, como quebraria os dentes de quem chegasse perto da garotinha dela e que não ia aguentar se eu aparecesse com um namorado (hehe) enrolado no pescoço. Hoje em dia ela me pergunta quase que semanalmente se a amiga com quem vou ao cinema não é minha namorada, se eu pegaria uma garota esquisita que ela vê passando na rua ou porque eu não apresento minha "garota secreta" pra ela.
O que é chato, pois eu queria ter alguém de verdade pra apresentar pra ela só pra ela poder libertar todo o potencial de "super mãe" que eu não deixei ela usar. É um desperdício de um mãe em perfeitas boas condições para aterrorizar namoradas.
Mas o que eu posso fazer né? Talvez essa minha resistência possa me trazer algum benefício no futuro, meu sangue pode conter a cura da AIDS sei lá, quem sabe. Daí pelo menos quando alguém me perguntar sobre minha vida amorosa nas reuniões de família eu posso dizer algo do tipo "eu fui a escolhida pra fracassar no amor em prol do bem de toda a humanidade, sou um Jesus Cristo dos tempos modernos, saiam por aí e criem uma religião em meu nome. E, afinal,quem precisa de casamento e filhos quando se tem o futuro da civilização em suas mãos, certo?" ou qualquer coisa assim que vai me colocar num patamar elevado ante meus primos que emendam namoro atrás de namoro e só fazem eu parecer mais patética, comendo minha torta alemã com colherzinha de café, todo os feriados, todo domingo, todo dia incerto (pois é, I'm a sucker por torta alemã).

Nenhum comentário:

Postar um comentário