quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tomografia não computadorizada

"Se o ser humano fosse um projeto bem sucedido as pessoas não ficariam tão doentes ou partiriam o coração das outras." Faço essa observação na sala de espera enquanto meu pai balança a cabeça naquele clássico minha-filha-tem-o-dom-de-falar-merda. Uma senhora concordou suspirando.
Enquanto preenchia os papéis do plano de saúde, senti um medo real de descobrirem tudo que se passa aqui dentro. Bastaria uma imagem e chamariam Dr. House, eu viraria caso de estudos. "Como ela disfarçou equilíbrio e saúde mental por todos esses anos?"
Sim, sou alérgica a penicilina e gente mal-educada. Tomo Centrum e Twitter todos os dias. Sinto uma dor de cabeça fortíssima há uma semana, já esse sentimento de viajante solitária é desde os cinco anos. "Algum trauma?" Todas as comédias românticas que já assisti. Choro enquanto caminho na rua, provocada pelo Lenine no aleatório... é um trauma recente.

"O procedimento é rápido, tire os brincos e qualquer outro acessório na região do pescoço." Os brincos preferidos da semana que comprei na feirinha da praça, perto daquela cafeteria que você iria amar. Acho que seu perfume ainda não pode ser identificado pela medicina diagnóstica.

"Mais alguma observação, senhora?" Quase todas.

Tec.Tec.Tec. Tum.TumTum.Tec.Tec.Tec.

Hoje eu fiz uma tomografia, encontraram você lá, ocupando grande parte da minha cabeça. Pressionando entre o conteúdo da prova da faculdade e a preocupação com a conta do Mastercard. Logo você que está banida do último pensamento da noite e me fazendo falta há algumas semanas. É que podemos tirar as músicas do iPod, bloquear o contato virtual mas o córtex cerebral é fatal.

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